A Psicologia da Discrição: Por que o "Silêncio" é a Melhor Proteção na Era da Exposição.

A Psicologia da Discrição: Por que o "Silêncio" é a Melhor Proteção na Era da Exposição 

​Por: Ginildete Manaia

​Vivemos em uma era onde o imperativo parece ser "expor para existir". No entanto, sob as lentes da psicanálise e da prática social, urge refletirmos sobre o custo emocional de transformar a vida íntima em um espetáculo público. A exposição constante de momentos familiares e conquistas pessoais nos coloca diante de um desafio psíquico profundo: o manejo do olhar do Outro.

​O Olhar que Invade 

​Para a psicanálise, o olhar não é um ato neutro; ele é carregado de pulsão. Existe o olhar que admira e o olhar que cobiça. A inveja, em sua raiz mais arcaica, não é apenas o desejo de possuir o que o outro tem, mas o impulso inconsciente de que o outro perca o que o faz feliz. Quando escancaramos nossa intimidade, abrimos as portas para as projeções de frustrações e a maldade de quem ainda não aprendeu a lidar com o próprio vazio.

​Vivência e Maturidade: O Sorriso que Disfarça 

​Minha trajetória pessoal e profissional me trouxe lições valiosas sobre essa dinâmica. Ao longo da vida, enfrentei dissabores de conviver com sorrisos largos que, na verdade, camuflavam intenções sombrias. Aprendi que ataques pelas costas e desejos maldosos frequentemente vêm disfarçados de cortesia. A maldade externa é silenciosa e persistente; ela se alimenta da visibilidade que damos à nossa vulnerabilidade e à nossa alegria.

​Seletividade como Estratégia de Preservação 

​Hoje, adoto a seletividade e a discrição não por medo, mas como um ato de inteligência emocional e autopreservação. Como Assistente Social e Psicanalista, compreendo que o "Ego" necessita de fronteiras para manter sua integridade. Não se trata de ter algo a esconder — pois a transparência é um valor em minha vida — mas de entender que nem todos possuem "permissão psíquica" para entrar no meu lar ou na minha intimidade.

​Manter filtros sobre o que é postado é uma forma de proteger o sistema familiar e a saúde mental. No mundo atual, a discrição tornou-se uma ferramenta essencial de segurança.

​Conclusão 

​A discrição é a elegância da alma que entende que a felicidade real não precisa de validação externa para ser legítima. Preservar o íntimo é garantir que o que é sagrado permaneça protegido. Em um mundo de ruídos e exposições desnecessárias, a seletividade é o nosso escudo mais eficiente.

​Ginildete Manaia
Assistente Social / Psicanalista / Técnica em Reabilitação de Dependentes Químicos.
📞 Contato: 71 99174-5185
📱 Instagram: @ginildete.manaia


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